terça-feira, 9 de março de 2010

Será a hora do etanol?

O artigo abaixo foi retirado do site www.portalexame.com.br. O autor, Walter Figueiredo de Simoni, faz uma interessante reflexão sobre o setor.

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Um tema que abordamos pouco até agora é a questão do etanol e mudanças climáticas. Sem dúvida nenhuma o etanol é o grande trunfo do Brasil, tanto como fonte de energia de baixa emissão quanto como uma valiosíssima tecnologia para a nova economia de baixo carbono global. Mas não quero falar do que todo mundo já está cansado de saber, ao invés focar em um problema e em possíveis soluções.

Ter o etanol como fonte de energia de baixo carbono é uma clara vantagem para o Brasil, sendo um dos grandes responsáveis por transformar a matriz energética brasileira na mais limpa do mundo. Mas grande parte do valor do etanol está nas tecnologias de produção e uso que temos aqui no Brasil, assim como na redução de emissões que seu consumo causa. O mercado internacional compra etanol porque reduz suas emissões de GEEs. Em outras palavras, o mercado internacional paga por algo que nós não pagamos. Aliás, deveria pagar, porque não necessariamente paga.

Como nós, produtores de etanol, conseguimos agregar esse valor de redução de GEEs, ou seja, como internalizar no preço do etanol essa externalidade positiva associada a esse produto? Esse é o problema. Não conseguimos. Por enquanto.

Então a pergunta é: Como agregar valor à redução de emissões causadas pelo etanol? A resposta mais simples, e aquela que é o alvo das grandes discussões do setor sucroalcooleiro, é através de créditos de carbono. Essa estratégia, infelizmente, encontra inúmeras barreiras metodológicas. A questão da adicionalidade é uma barreira que parece ser intransponível, porém continuamos a bater nessa tecla. Creio que o crédito de carbono não seja a melhor maneira de adicionar tal valor ao etanol brasileiro, especialmente através do MDL, o principal foco da discussão do setor produtivo.

A sugestão mais interessante que encontrei até hoje foi a sugestão de um ‘fundo de compensação’, um acordo financeiro entre o país exportador e o comprador, para que um Premium sobre o produto possa ser aplicado. Nesse caso teríamos algum tipo de acordo bilateral, necessariamente acompanhado de uma metodologia de cálculo de redução dessas emissões, para que o abatimento das emissões no inventário nacional possa ser acordado. A partir do momento que a redução é calculada, um Premium pode ser definido, indexado em relação ao preço de allowances. É uma idéia pouco debatida e creio que merece uma maior atenção.

De qualquer maneira que seja, através de mecanismos financeiros, institucionais ou até mesmo de mercados de carbono, agora é a hora de aumentar o valor do nosso produto. A parceira entre a Cosan e a Shell e a definição do EPA sobre o etanol resolve diversos problemas de acesso à mercados internacionais que afetava o setor sucroalcooleiro. Além disso, temos outros caminhos a percorrer, como a criação de um padrão nacional de sustentabilidade, desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração, entre outros. Agora parece ser a hora do etanol, mesmo com todas as dificuldades que ainda temos pela frente. Depende de nós, do setor privado, ajudar a alcançar o seu potencial máximo.


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Em minha opinião o autor fez uma análise simplificada demais sobre a internacionalização do etanol. Existem fatores muito mais importante como a dependência tecnológica e mercadológica. Teorias da conspiração a parte, qual nação estaria disposta a trocar uma dependência por hidrocarbonetos pelo uso de etanol? Só as que de uma maneira ou de outra possam desenvolver o etanol de forma sustentável e principalmente, economicamente viável.

Esforços isolados da iniciativa privada (Notadamente Dedini e sermatec) em expandir seus projetos para fora do país são mais louváveis, porém falta o governo brasileiro "abrir os olhos" sobre a questão. Seria importante que o ministério da Indústria e Comércio, o BNDES etc e tal abrissem caminho com road shows e linhas de financiamento para novas usinas no exterior.

O tempo está passando e o Brasil não se posiciona como líder que deveria ser na área de biocombustíveis.

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