quinta-feira, 15 de abril de 2010

Preços do açúcar desabam...

Será que acabou o doce encanto?

A volatilidade dos preços internacionais pode afetar as decisões sobre o mix da safra? Como estabelecer uma estratégia com este cenário?

É importante ler a notícia abaixo.

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Com a queda abrupta dos preços do açúcar dos níveis de 26 a 30 centavos para patamares entre 16 e 17 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York, vendedores brasileiros tiveram que ceder à pressão e sentar-se à mesa com importadores para rever preços. Fontes do mercado estimam que somente com importadores indianos, essa renegociação envolveu 200 mil toneladas de açúcar branco e mais 100 mil toneladas do tipo VHP (bruto). Foram compradores que se negaram a cumprir contratos a preços altos enquanto as cotações derretiam.

Além do mercado externo, houve renegociações feitas internamente, entre tradings e usinas, que atingiram um volume ainda maior, de mais de 2 milhões de toneladas (10% das exportações), segundo Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting. "Estamos falando do maior volume já renegociado em uma única safra".

Foto Destaque

A renegociação de acordos, segundo ele, é normal em toda o ano, mas em volumes "razoáveis" que variam entre 200 mil e 300 mil toneladas por temporada - considerando mercados interno e externo. Mas as fortes chuvas na moagem do Centro-Sul, que impediram muitas usinas de produzirem todo o açúcar que já tinham vendido antecipadamente, fizeram com que a entrega fosse postergada para a próxima temporada, a partir de julho deste ano, quando as telas de Nova York estavam invertidas, ou seja, com preços futuros mais baixos do que os atuais naquele momento (no último trimestre de 2009). Assim, as tradings não aceitavam pagar o valor mais alto, se a entrega ia ser feita mais à frente, com preços menores. A estimativa é de que o deságio médio dessas renegociações tenha sido da ordem de 20%.

E ainda há muita água para rolar debaixo dessa ponte. Isso porque a recuperação da atual safra indiana, que termina em setembro deste ano, está de fato ocorrendo o que põem em xeque a real necessidade de o país asiático performar justamente parte desses contratos cuja entrega foi postergada para julho. Fontes do mercado indiano estimam que esse volume fique entre 500 mil toneladas e 800 mil toneladas.

"Ainda não há cartas de crédito abertas ao importador indiano para realizar esse volume. Além disso, com uma produção doméstica de 18 milhões de toneladas, fica difícil pensar em mais importações", diz uma das fontes atuantes na Índia.

A produção do país asiático na atual safra antes previstas em 14,5 milhões de toneladas, avançou com a melhora no clima e deve ser superior a 18 milhões de toneladas, segundo estima o trader de uma das principais empresas exportadoras mundiais de açúcar. "Estamos falando de uma mudança que adiciona 3,5 milhões de toneladas. Antes disso, a Índia previa importar 7 milhões de toneladas, já recebeu metade e agora não precisa mais completar o volume porque já há produção interna", acrescenta o trader. Além disso, diz a fonte, a Europa colocou em dois meses outras 500 mil toneladas da commodity no mercado.

Um outro executivo indiano, que também preferiu não se identificar, reforça a tese de que há uma "alta probabilidade" de essas 500 mil a 800 mil toneladas que foram renegociadas para julho não serem cumpridas. "Além da maior oferta na Índia, há uma pressão por baixa nos preços do açúcar, uma vez que os internos recuaram nas últimas semanas no país asiático de 42 rúpias [R$ 1,66] por quilo para 29 rúpias [R$ 1,15], quase 31% de queda", diz.

Dentro desse ambiente de "renegociação", é consenso de que há uma parcela ainda não estimada de cancelamento de contratos, em muitos casos envolvendo cargas que já tinham sido embarcadas ao país de destino. "Infelizmente, fica, portanto, inviável para as tradings redirecionarem essas cargas ao mercado interno, que está escasso de açúcar branco, com estoques de passagem próximos de zero", afirma o trader.

Ele complementa, ainda, que a maior parte dos contratos com problemas é de açúcar branco (ensacado), porque são comprados, muitas vezes, por agentes não tradicionais do mercado, que não se afetam muito com perda de credibilidade. A Índia foi em 2009 o maior importador de açúcar do Brasil, com 17% do todo o volume total exportado.

Fonte: Jornal Valor econômico

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Irã tem interesse no etanol brasileiro.


Os iranianos poderão investir em usinas produtoras de etanol no Brasil e importar o combustível. O tema surgiu em conversas do ministro Miguel Jorge com autoridades do país.

O Irã está interessado em usar o etanol brasileiro em seus carros. A informação é do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Miguel Jorge, que lidera uma missão empresarial ao Oriente Médio e está em Teerã. O interesse pelo combustível brasileiro foi manifestado durante encontro de Miguel Jorge com o ministro da Indústria e Minas, Ali Akbar Mehrabian. Os dois abriram nesta terça-feira (13), no Parnasian Esteghlal International Hotel, os encontros de negócios entre empresários brasileiros e iranianos. Um grupo de 86 homens e mulheres do Brasil integra a delegação.

De acordo com informações de Miguel Jorge à ANBA, o Irã tem interesse no etanol brasileiro em função dos problemas que enfrenta no fornecimento de gasolina. O país do Oriente Médio produz petróleo, mas não tem refinarias e encontra problemas para importar gasolina em função dos bloqueios comerciais que enfrenta. O etanol, segundo o ministro brasileiro, seria uma alternativa. Miguel Jorge acredita que ele teria que ser comprado do Brasil - e não produzido no próprio Irã - já que as terras iranianas não são muito propícias à agricultura.

De acordo com o ministro brasileiro, há possibilidade de que os iranianos invistam em fundos de usinas brasileiras produtoras de etanol. Atrair investimentos iranianos em etanol e agricultura, aliás, era um dos objetivos de Miguel Jorge para a missão. Na abertura dos encontros, na manhã desta terça-feira, o ministro falou ao público presente sobre a experiência brasileira com a tecnologia flex-fuel, possibilidade de abastecimento de combustível, em um mesmo veículo, tanto com etanol quanto com gasolina.

A visita da delegação despertou uma série de conversas sobre cooperação. De acordo com Mehrabian, na visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará a Teerã, em maio, será assinado um acordo na área de mineração. Segundo Miguel Jorge, um acordo de cooperação poderá facilitar os negócios neste segmento. Representantes da Vale, mineradora brasileira, estiveram reunidos, na capital iraniana, com representantes do setor de mineração para discutir possibilidade de negócios e parcerias. O ministro iraniano também manifestou interesse na experiência brasileira com produção de energia elétrica.

Durante o encontro desta manhã, o ministro Miguel Jorge ressaltou o avanço das relações entre Brasil e Irã, ocorrido principalmente após o início do mandato do presidente Lula. A exportação brasileira saiu de US$ 491 milhões em 2002 para US$ 1,2 bilhão no ano passado. Mehrabian afirmou que os dois países vão se esforçar para facilitar questões práticas do comércio, como o transporte de mercadorias e os financiamentos. Os dois ministros chamaram os empresários presentes a ajudar no aumento do comércio.

Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe

Etanol Marinho???


Processo utiliza macroalga oriunda dos oceanos Pacífico e Índico e levedura identificadas pela universidade como ingredientes para produção do combustível.

Enquanto empresas e centros de pesquisa do mundo buscam um processo que permita a produção em escala comercial do chamado etanol de segunda geração - obtido da celulose -, iniciativas paralelas já olham adiante e investigam formas ainda mais inovadoras de fabricar o combustível.

Uma delas está sendo conduzida no Brasil pelo ProAlga, grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Atualmente liderado por Maulori Curié Cabral, professor do departamento de virologia do Instituto de Microbiologia da UFRJ, o grupo tem conseguido avanços significativos em direção à obtenção de etanol de macroalgas vermelhas, principalmente da espécie Kappaphycus alvarezii, nativa do oceanos Índico e Pacífico.

A planta tem alto potencial de crescimento e de sequestro de gás carbônico em seu processo de fotossíntese, o que pode fazer dela uma vedete da sustentabilidade.

De acordo com Cabral, a alga possui em sua estrutura polímeros chamados galactanas. Essas substâncias são utilizadas pela indústria química e alimentícia na fabricação de cremes para barbear a embutidos.

Segundo o pesquisador da UFRJ, quando cultivada na costa do Sudeste brasileiro, a alga atinge o ponto de colheita em dois meses. No Nor_deste, porém, o crescimento chega a ser três vezes mais rápido. Isso ocorre porque a planta se desenvolve melhor em regiões mais quentes.

Combustível

O etanol é obtido a partir da alga seca, fato apontado por Cabral como uma vantagem adicional do processo. Desidratada, a biomassa pode ser estocada, o que não ocorre com a cana-de-açúcar. O próximo passo, a hidrólise da matéria-prima, quebra o polímero da planta, originando açúcares.

Estes são fundamentais para o passo seguinte do processo, a fermentação, que os transforma em álcool, ou seja, etanol.

"No começo, conseguíamos hidrolisar menos de 0,5% dos açúcares das galactanas. Hoje, chegamos nos 13,6%. Nosso objetivo é alcançar 20%", afirma Cabral, observando que a produção de etanol algáceo em larga escala se tornará viável quando esse percentual for de pelo menos 18%.

Além do avanço na hidrólise, o grupo também superou outra barreira ao encontrar uma levedura capaz de transformar os açúcares da galactana em álcool.

Segundo Cabral, o processo pode ser até cinco vezes mais eficiente que o de primeira geração, que usa cana ou milho como matéria-prima.

A meta é produzir o combustível em escala semi-industrial até o fim de 2012. Para isso, o grupo pretende solicitar ao BNDES financiamento para a instalação de uma biorrefinaria.

Gaseificação

Segundo Antonio Bonomi, diretor do programa de avaliação tecnológica do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), outra opção atualmente em estudo é a produção de etanol a partir de biomassa gaseificada.

O processo - que também pode gerar biodiesel, por exemplo - não deve ser confundido com similares que usam como matéria-prima carvão mineral ou gás natural.

"Existem no Brasil pesquisas sobre isso. O foco do CTBE é a tecnologia de segunda geração, mas vamos analisar essa rota termoquímica também", diz

Fonte: Jornal Brasil Econônico