domingo, 16 de maio de 2010

Produção de cana no Zimbabue ampliará mercado de biocombustíveis na África

Interessante notícia para quem (ainda) acredita na internacionalização do etanol decana-de-açúcar. Só esqueceram de um pequeno grande detalhe: o consumo de água. Historicamente todos os países da África tem grandes problemas com água potável. Dentre as demandas por água doce, a agricultura lidera o consumo, sendo utilizada para irrigação, aproximadamente 70% de toda a água doce disponível.

Com relação ao setor industrial, segundo estimativas da ANA – Agência Nacional de Águas, o volume de água utilizada pela indústria crescerá de 750 m3/ano em 1995 para um valor de 1170 m3/ano em 2025.

Neste contexto o Brasil se destaca, pois possuí 12% das reservas mundiais de água doce e 25% das águas doces frias disponíveis, tendo 112 trilhões de m3 de água doce em seu subsolo e apenas 6% da população da Terra.

Em 1997, necessitava cerca de 5,0 m3/tonelada de cana (tc), até mais recentemente necessitava cerca de 1,8 m3/tc e atualmente pode-se obter a necessidade de apenas cerca de 1 m3/tc, sendo ainda com recuperação de 98%, podendo ser re-utilizada na irrigação dos canaviais.

O desafio está lançado: Pesquisa para redução do consumo de água para produção de etanol, não esquecendo da destinação da vinhaça (ou vinhoto), que é gerado na ração de 1/12 hoje (1 litro de etanol gera em média 12 litros de vinhaça).

Mãos a obra!

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O Zimbabue pretende se tornar o maior produtor de cana-de-açúcar da África, produzindo um bilhão de litros de etanol por ano até o final da próxima década e, consequentemente, exportando o biocombustível para outros países do continente africano. As informações são do grupo zimbabueano Boabab Energy, responsável pelo projeto.

O diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, confirma que o Zimbabue tem potencial para se tornar um dos maiores produtores de cana-de-açúcar no mundo. “Assim como o Brasil, o Zimbabue e a maioria dos países africanos possuem condições agroclimáticas muito boas para a produção de cana,” destaca.

Dados do estudo Global Agro-Ecological Zones Assessment: Methodology and Results, avalisam os argumentos. De acordo com o trabalho desenvolvido pelo pesquisador austríaco Günther Fischer, ligado ao Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA, em inglês) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o potencial de área agricultável para a produção de cana no continente africano é de 81 milhões de hectares. Ou seja, dez vezes a área total utilizada no Brasil para a cultura da cana atualmente.

Ambiente regulatório

Para consolidar o mercado de biocombustíveis no Zimbabue, alcançando um equilíbrio entre a produção e o consumo, o diretor executivo da UNICA ressalta “a importância da criação de um ambiente regulatório, além dos investimentos nas técnicas e tecnologias de plantio. A mistura mandatória de etanol na gasolina seria um bom começo.”

Esta também seria uma medida importante para ajudar a transformar o etanol em uma commodity global. “Com um numero cada vez maior de países fabricando etanol, diminuirá o risco de uma eventual falta de oferta do produto no mercado internacional em decorrência de problemas climáticos ocorridos em outros países, que prejudiquem a safra de cana e a produção de etanol, por exemplo,” explica Sousa.

O projeto

O Boabab Energy informa que, em dez anos, o destino mais provável das exportações de etanol zimbabueano será a África do Sul. Dados da empresa indicam que o mercado sul-africano deverá consumir anualmente cerca de 760 milhões de litros de etanol. Isso, graças à política daquele país que determina a mistura de 8% de etanol aos combustíveis fósseis, derivados do petróleo.

O projeto de produção de um combustível renovável no Zimbabue terá duas etapas. Inicialmente será criada uma área de 12 mil hectares (ha) de cana no estado de Chisumbanje, região sudeste do país. Posteriormente, as plantações de cana serão expandidas para 40 mil ha. O volume de investimento total previsto no projeto será de US$ 220 milhões.