quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Sera mesmo que é culpa da Chuva?



Acabei de ler no site veja.com:

Petrobras volta a importar gasolina após 40 anos

Após quarenta anos de autonomia, a Petrobras voltou a importar gasolina. Prejudicada pela crise do etanol, a estatal foi obrigada a comprar o combustível da Venezuela, que já recebeu encomendas futuras.

A gasolina importada vai chegar ao Brasil ainda em fevereiro. Segundo a Petrobras, foram importados 270.000 metros cúbicos do combustível – o equivalente a 2 milhões de barris. "Para os meses subsequentes, a Petrobras está avaliando a necessidade de importação e, se existente, estimará o volume a ser importado", informou a estatal.

As fortes chuvas de verão interromperam a colheita de cana-de-açúcar no país, o que prejudicou a produção do etanol. Além disso, parte da cana colhida para a produção do combustível precisou ser usada na produção de açúcar, que tem excelente cotação no mercado internacional. Dessa forma, a oferta do bicombustível tornou-se inferior à demanda.

Espero que as boas noticias dos ultimos dias (A compra da Brenco pela ETH, a consolidacao da Paranaense Santa Terezinha como uma das maiores usinas do país, a nova empresa formada pela Shell & Cosan) resolvam este problema. Apesar de um 2o. semestre de 2009 muito aquecido e com altas históricas do açucar, os balanços ainda não estão equilibrados. As empresas ainda estão refazendo o seu caixa e para 2010 ninguém espera que o preço do açucar se mantenha nos patamares atuais. Além disso, a safra de 2010-11 deve ser superior a de 2009-10, aumentando os estoques e a oferta.

Apesar de 2010 ter cara de "feliz 2011" (temos copa do mundo e depois eleicoes presidenciais), espero que as profecias do Prof. Vico de setembro de 2008 se realizem.

Amanha é dia de comentar sobre a compra de Brenco pela ETH.

PS: Mais uma vez peco desculpa pela acentuação... Os acentos gráficos vivem sumindo do meu note....

O asfaltamento da BR-319. A pior estratégia possivel para o agronegócio brasileiro



A BR-319 é fruto do projeto de integração nacional promovido pelos governos militares nas décadas de 60 e 70, cuja base era a construção de rodovias e em incentivos à migração, para possibilitar a ocupação da Amazônia de forma a garantir o controle estratégico sobre a região.

Construída entre 1968 e 1973. O asfaltamento da estrada foi concluído às pressas (feito claramente sem uma avaliaçao clara da geologia local) e em 27 de março de 1976 a estrada foi inaugurada. A coisa era tão “experimental” que época o então presidente Ernesto Geisel disse que a abertura da estrada acontecia em caráter experimental. O "experimento" foi encerrado por volta de 1988, quando a empresa que ainda explorava a linha Porto Velho-Manaus decidiu suspender os serviços, por falta de condições da estrada.

Em 1996, o então presidente Fernando Henrique Cardoso incluiu a recuperação da rodovia no seu plano estratégico Brasil em Ação, mas o projeto nunca saiu do papel.
Coube ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva separar R$ 697 milhões para reabrir a rodovia, um investimento anunciado em 2007 como parte dos R$ 500 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) até 2010.

O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, é um dos principais defensores da reabertura da estrada, que ele advoga desde a sua primeira passagem pela pasta, em 2005.

Para a população local parece uma boa idéia. Asfaltar a unica ligação por terra entre Porto Velho e Manaus é vendida como sinônimo de desenvolvimento. Entretanto, o que se apresenta é apenas uma obra idealizada por “gestores públicos” que mostram pouco senso ambiental e baixissimo conhecimento logistico na maior área preservada do planeta: A floresta Amazônica.

Vamos aos fatos:

1) Qual seria o grande impulsionador do asfaltamento da BR? Segundo as notícias difundidas na mídia, é para desenvolver novos corredores de transporte para a nova (nem tão nova assim) fronteira agrícola brasileira, leia-se o cerrado. O corredor de 900 km seria utilizado para escoar até Manaus parte da producao agricola do cerrado sendo entao embarcada via maritima para o mercado europeu e americano. Os próprios estudos do governo federal (IPEA, ANTT, Ministério dos Transportes entre outros) apontam que o custo do transporte aquaviário chega a ser de 60% menor que o custo do transporte rodoviário. Mesmo a comparação com o transporte ferroviário (outra sugestão discutida em Brasília) eiste uma clara vantagem do transporte de cargas utilizando barcaças.

2) A reserva legal de 80% é amplamente descumprida na Amazonia. Segundo levantamento do Ministério do Meio Ambiente, só 3 dos 36 municípios que mais desmataram a Amazônia cumprem a regra de preservação de 80% das florestas. Em média, os municípios-alvo do combate ao desmatamento já perderam 50% de suas matas. Em Brasil Novo (PA), caso mais crítico, restam apenas 17,47% das florestas. Um dos maiores indutores do desmatamento são as facilidades logisticas. O professor Phillip Fearnside, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), publicou um estudo recentemente afirmando que o impacto da BR-319 e suas transversais pode derrubar até 33% da floresta intocada. O IBAMA não tem estrutura para fiscalizar o cumprimento da legislação vigente e os municípios da area de influência da rodovia seriam dizimados por projetos “agroambientais”.

3) Existe hoje um projeto privado que já explora a navegacao pelo Rio Madeira. A Hermasa Navegação da Amazônia (Grupo Maggi, do Governador do MT) explora desde 1997 o Corredor Noroeste de Exportação onde é escoada a produção das regiões noroeste de Mato Grosso e sul de Rondônia. A soja segue via rodovia até Porto Velho, onde a Hermasa possui um porto de transbordo. Em seguida, a produção segue viagem em comboio formado por barcaças pelo Rio Madeira, até o porto graneleiro para navios (tipo Panamax) às margens do Rio Amazonas em Itacoatiara (AM), de onde a soja, óleo e farelo são exportados para a Austrália, Europa e Ásia. No ano de 2008, a Hermasa exportou cerca de 2,5 milhões de toneladas. Porque o Ministerio dos Transportes não estuda a real capacidade do corredor? Se o mesmo está em vias de saturar, não seria melhor investir em sinalização e controle e na modernizacao dos terminais de transbordo (será que o Governo Federal já ouviu falar em transhipment, por exemplo?)?

As notícias vindas do ministério do Meio Ambiente (MMA) são amimadoras. O MMA não abrirá mão de nenhuma exigência ambiental para que o polêmico asfaltamento da rodovia BR-319 (Porto Velho-Manaus) seja feito. A promessa é do titular da pasta, Carlos Minc. Durante a 61ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Minc voltou a dizer que o melhor, no caso dessa ligação, seria fazer uma hidrovia, ou então uma ferrovia, como também foi cogitado. “Mas, se tiver de ser uma estrada, que seja uma estrada-parque”, afirmou Minc. Os ambientalistas e vários cientistas temem que o asfaltamento da BR-319 leve à destruição de uma das áreas mais preservadas da floresta.

O ministro dos Transportes é o grande incentivador da obra. É bom lembrar as palavras do Sr. Ministro dos Transportes: “Independentemente da possível viabilidade econômica, é dever do governo, do Estado, construir estradas, ferrovias. Fazer ligação entre as regiões mais pobres”. Ou “Discutir a viabilidade econômica da BR-319 é hipocrisia, porque o que nós temos que levar em consideração é a ligação entre os povos, o direito de ir e vir.”. Desenvolvimento a qualquer custo vale a pena?

A obra já começou. O asfaltamento já começou nas duas pontas da estrada.

Em 2008, o Exército começou a asfaltar 190 quilômetros próximos à cidade de Humaitá, e outros 215 quilômetros mais ao norte, levando a Manaus.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Reação da Petrobras a "Fusão" Shell & Cosan







Acabei de ler no IG... "Petrobras contrata banco para comprar oito usinas de etanol e se tornar a líder do setor no país"

A Petrobras montou uma estratégia agressiva para investir no mercado de etanol. A empresa já deu um mandato ao Bradesco para comprar oito usinas de etanol.

A Petrobras quer garantir a liderança no setor de biocombustível e evitar o problema de desabastecimento de etanol que ocorre neste início do ano, com os problemas de quebra da safra de cana-de-açúcar provocados pelo excesso de chuva.

O objetivo é de a estatal passar a deter pelo menos 25% da produção nacional de etanol.

O primeiro investimento da Petrobras no setor foi a compra de 40% da usina mineira Total, por R$ 150 milhões. Há outras na mira.

Esta reação era esperada, afinal de contas a Shell saiu na frente e fez a joint venture com a Cosan para consolidar o setor. Os passos da Petrobras sempre foram muito tímidos pois a associaçao com a Total lhe garantiria "apenas" 100 mil m3 de etanol/ano, enquanto a capacidade instalada da Cosan é de 2.000 mil m3 (20 vezes maior!!!).

Resta saber se a estratégia da Petrobras será uma operaçao estruturada ou uma aquisiçao desesperada. O mercado comenta que a Petrobras foi pega de surpresa com a joint da Shell & Cosan e que a reação da cúpula da empresa (leia-se na verdade presidente Luis Inácio Lula da Silva) sera imediata. Devemos lembrar que a Petrobras é lider de mercado em todos os segmentos que participa.

Nao restam grandes grupos para serem comprados pela Petrobras e uma das soluçoes pode ser a nova empresa a ser formada pela união entre a entre a Brenco e a ETH, até porque a Odebrecht tem relações estreitas com poder federal e a petrolifera brasileira. Nao podemos nos esquecer da compra da Quattor pela Braskem, realizada com um grande aporte de recursos da Petrobras.

Não acredito que Bunge, Louis Dreyfus e outros grandes grupos que estão iniciando o processo de consolidação sejam "seduzidas" pelo "canto da sereia" da Petrobras, pelo menos não nos próximos meses.

A aquisição de vários grupos (ou usinas) menores seria complicada para a estatal, pois demandaria um esforco muito grande para gerar sinergia entre os negocios e a economia de escala esperada só seria alcaçada no longo prazo.

Certamente o ano de 2010 será muito movimentado, até porque o mercado se recuperou no 2o. semestre de 2009 e o cenário para 2010 é extremamente promissor. É esperar para ver.

Aos amigos do MTA: O Rui tinha razão - Iremos para o mercado depois da crise ter passado.

PS: Desculpem-me pelos erros de acentuação, pois sistematicamente eles somem do meu teclado.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

1as. impressoes sobre a nova empresa criada pela uniao entre a Shell e a Cosan


A multinacional Shell (3a maior empresa de energia do mundo) e a Cosan (maior companhia de etanol do mundo), assinaram no dia 31/01, em Londres, um memorando de entendimentos para unir os negócios de etanol e distribuição de combustíveis no Brasil. A transação está avaliada em US$ 12 bilhões, segundo apurou o Valor Econômico.

O que pode estar por trás da formação da terceira maior distribuidora de combustíveis do país? Vamos os fatos...

1) A Shell, que já investia na pesquisa de etanol de segunda geração, passa a participar também da produção direta de etanol. Com 23 usinas de açúcar e álcool a Cosan é lider de mercado e terá condiçoes de garantir fornecimento do produto. A empresa há alguns anos investe em pesquisa de etanol celulósico, por meio da Iogen, empresa de pesquisa em biotecnologia da qual a Shell detém 50% de participação. Esse ativo também entrará na composição da nova empresa, assim como os 14,7% de participação na Codexis, outra companhia de pesquisa voltada para tecnologias limpas.

2) A entrada de um "player" importante do mercado como a Shell na produçao em larga escala de etanol representa a 1a. tentativa concreta de transformaçao do produto em commodities, velho sonho dos produtos de etanol que o governo brasileiro ainda nao conseguiu viabilizar.

3) Equaliza o problema de fluxo de caixa da Cosan, ferozmente alavancada com as últimas aquisições (entre elas a própria Esso, por quase 1 bilhão de dólares). A Cosan coloca US$ 2,5 bilhões de dívida (quase todos seus compromissos financeiros) e a Shell aporta US$ 1,6 bilhão em recursos em até dois anos. Úm alívio para Cosan.

4) Aumenta a concentraçao no setor de distribuiçao de combustíveis: Após a pulverização, quando a abertura do mercado de petróleo e derivados, no fim da década de 90, permitiu a existência dos chamados postos de "bandeira branca", a tendência agora é a concentração nas não de empresas de maior porte. Ao mesmo tempo, a operação foi vista como o aproveitamento pela Shell de uma oportunidade de se posicionar bem no mercado de combustíveis renováveis, após ter reduzido substancialmente sua fatia no mercado de distribuição de derivados de petróleo no Brasil. A união da Shell e da Cosan, o maior investimento de uma empresa de petróleo em biocombustível feito até hoje, aumenta a pressão sobre a liderança histórica da BR Distribuidora em pelo menos um dos segmentos da distribuição de combustíveis. Apesar de ainda manter-se líder no mercado geral, na distribuição de etanol a subsidiária da Petrobras sente mais uma concorrente privada no seu calcanhar. A BR tem 32,5% do total, contra 29,2% da nova companhia. A BR já é seguida de perto pelas duas bandeiras do grupo Ultra (Texaco e Ipiranga), que somadas tem 29,6% do segmento de etanol.

Os detalhes da transação ainda estão em discussão. O negócio prevê a criação de duas subsidiárias abaixo da Cosan S.A., listada no Novo Mercado da Bovespa -, uma para as atividades de etanol e outra de distribuição. A participação de cada companhia ainda não está definida. Como diz o meu amigo Rui Cambi, daqui a pouco teremos um indice de Etanol/Acucar na bolsa.

As especulacoes indicam que a Cosan poderá ter 51% do capital e a Shell, os 49% restantes da operacao de distribuicao. A estrutura será invertida na empresa de postos de gasolina, na qual a Shell poderá ter 51% das ações. Apesar da diferença de participações, as companhias pretendem dividir a gestão igualitariamente.

Ficam de fora as operações de cogeração de energia a partir do bagaço de cana, logística e a empresa de terras, além das operações de lubrificantes, herdadas da Esso. Da parte da Shell ficam fora das operaçoes de prospecçao e lubrificantes. As demais atividades devem entrar na transação.

O "Pulo do Gato" está em uma cláusula que o mercado diz haver no contrato. Existiria um prazo de 10 anos cada uma das empresas poderá negociar a compra da fatia do outro em cada um dos negócios.

Apesar de tudo, existe ainda a possibilidade (irrisória diga-se de passagem) do negócio nao evoluir. Devemos lembrar que a Shell se desfez das operacoes em vários mercados latino-americanos de distribuição, como Colômbia e Uruguai. No Brasil varios boatos surgiram, principalmente pela concorrência predatória de empresas beneficiadas por liminares para não pagar tributos e até com a venda de combustíveis adulterados.

A sorte esta lancada.