A matriz de transporte de cargas no Brasil vem sofrendo visíveis (mas pequenas) alterações ao longo dos últimos anos (embora a extinção do GEIPOT tenha prejudicado muito o acesso aos dados do segmento).
Esta era a matriz em 2005 (ultimo dado disponível)
Temos uma matriz mal balanceada, levando-se em consideração principalmente as dimensões de nosso país e a vocação e potencial agrícola e de extração mineral.
O PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes) tem como meta principal equilibrar esta matriz com uma nova matriz para 2023 com a seguinte configuração:
Talvez um pouco receosos das ações do PAC e outros megaprojetos similares, as empresas privadas tem caminhado para modificar este quadro, em especial no agronegócio (Nunca é demais lembrar que a mineração já faz isso há anos e é extremamente eficiente no quesito logística).
Dados do setor apontam que o custo logístico é em torno de 20% no custo final do açúcar, a logística da commodity começa a sair da inércia. Atualmente, entre 80% e 90% do açúcar exportado pelo Centro-Sul segue até os portos da região por caminhão, mas investimentos estão sendo realizados para incrementar o volume transportado por ferrovias para mais de um terço do total.
Algumas ações estão dos grandes grupos do segmento indicam que este número deve alterar-se significativamente nos próximos anos.
1) Segundo a ALL, em 2009, a malha ferroviária do Paraná transportou em torno de 3,7 milhões de toneladas de açúcar. Segundo o Valor econömico, cerca de 1,5 milhão de toneladas foram de produto de fora do Paraná, sobretudo de Mato Grosso do Sul e de São Paulo. Somente a Rumo Logística, controlada pela Cosan, que transportou por ferrovia em torno de 1 milhão de toneladas para exportação no ciclo passado, espera movimentar, na safra 2010/11, de 5 milhões a 6 milhões de toneladas por trilhos.
2) O grupo São Martinho, que anunciou esta semana parceria com a Rumo, também investirá para ampliar a capacidade de transbordo do terminal ferroviário de açúcar localizado na Usina São Martinho, em Pradópolis (SP). Atualmente com capacidade para cerca de 800 mil toneladas do produto por safra, o terminal será ampliado para 2 milhões de toneladas em 2011/12, para atender à demanda de boa parte das 23 usinas localizadas em um raio de 50 quilômetros do terminal. "Estimamos que essa região produza 3 milhões de toneladas", diz o presidente da Rumo, Julio Fontana Neto, sobre o potencial da clientela vizinha.
Existe ainda uma extensa malha ferroviária não utilizada (ramais inoperantes) no estado de São Paulo com bom potencial para transporte tanto de açúcar quanto etanol, porém sem o Ferroanel e o aumento da capacidade do sistema de cremalheiras da serra do Mar ficará impossível incrementar o uso da modalidade ferroviária.
Os projetos de dutos estão em compasso de espera em função das incertezas do produto no mercado internacional, uma vez que os países ainda estão reticentes quanto a dependência do produto brasileiro.
O uso do sistema hidroviário é, junto com o ferroviário, a solução com maior possibilidade de implantação no médio prazo, porém existem necessidades de infra-estrutura para os terminais e do duto entre Anhembi e Paulínia.
Até lá vamos torcer para que o preço do açúcar e do etanol continuem na estratosfera, caso contrário voltaremos ao cenário (péssimo) de 2008.
O poder público e a iniciativa privada precisam se alinhar para ações cirúrgicas como estas acima mencionadas (é importante ler a exame deste mês, coma solução encontrada pela Vale, produtores e governo de Minas e Goiás), ou continuaremos a ver os milhares de caminhões trafegando pelas rodovias com cargas diretas para o Porto de Santos. Pelo menos o rodoanel chegará no final do mês...
É bom ficar de olho, pois boas oportunidades estão surgindo.
Fontes: Jornal Valor Econômico e Ministério dos Transportes
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