quarta-feira, 14 de abril de 2010

Etanol Marinho???


Processo utiliza macroalga oriunda dos oceanos Pacífico e Índico e levedura identificadas pela universidade como ingredientes para produção do combustível.

Enquanto empresas e centros de pesquisa do mundo buscam um processo que permita a produção em escala comercial do chamado etanol de segunda geração - obtido da celulose -, iniciativas paralelas já olham adiante e investigam formas ainda mais inovadoras de fabricar o combustível.

Uma delas está sendo conduzida no Brasil pelo ProAlga, grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Atualmente liderado por Maulori Curié Cabral, professor do departamento de virologia do Instituto de Microbiologia da UFRJ, o grupo tem conseguido avanços significativos em direção à obtenção de etanol de macroalgas vermelhas, principalmente da espécie Kappaphycus alvarezii, nativa do oceanos Índico e Pacífico.

A planta tem alto potencial de crescimento e de sequestro de gás carbônico em seu processo de fotossíntese, o que pode fazer dela uma vedete da sustentabilidade.

De acordo com Cabral, a alga possui em sua estrutura polímeros chamados galactanas. Essas substâncias são utilizadas pela indústria química e alimentícia na fabricação de cremes para barbear a embutidos.

Segundo o pesquisador da UFRJ, quando cultivada na costa do Sudeste brasileiro, a alga atinge o ponto de colheita em dois meses. No Nor_deste, porém, o crescimento chega a ser três vezes mais rápido. Isso ocorre porque a planta se desenvolve melhor em regiões mais quentes.

Combustível

O etanol é obtido a partir da alga seca, fato apontado por Cabral como uma vantagem adicional do processo. Desidratada, a biomassa pode ser estocada, o que não ocorre com a cana-de-açúcar. O próximo passo, a hidrólise da matéria-prima, quebra o polímero da planta, originando açúcares.

Estes são fundamentais para o passo seguinte do processo, a fermentação, que os transforma em álcool, ou seja, etanol.

"No começo, conseguíamos hidrolisar menos de 0,5% dos açúcares das galactanas. Hoje, chegamos nos 13,6%. Nosso objetivo é alcançar 20%", afirma Cabral, observando que a produção de etanol algáceo em larga escala se tornará viável quando esse percentual for de pelo menos 18%.

Além do avanço na hidrólise, o grupo também superou outra barreira ao encontrar uma levedura capaz de transformar os açúcares da galactana em álcool.

Segundo Cabral, o processo pode ser até cinco vezes mais eficiente que o de primeira geração, que usa cana ou milho como matéria-prima.

A meta é produzir o combustível em escala semi-industrial até o fim de 2012. Para isso, o grupo pretende solicitar ao BNDES financiamento para a instalação de uma biorrefinaria.

Gaseificação

Segundo Antonio Bonomi, diretor do programa de avaliação tecnológica do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), outra opção atualmente em estudo é a produção de etanol a partir de biomassa gaseificada.

O processo - que também pode gerar biodiesel, por exemplo - não deve ser confundido com similares que usam como matéria-prima carvão mineral ou gás natural.

"Existem no Brasil pesquisas sobre isso. O foco do CTBE é a tecnologia de segunda geração, mas vamos analisar essa rota termoquímica também", diz

Fonte: Jornal Brasil Econônico

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